Faz quase um mês que eu prometi a você que iria escrever, mas acabei meio sem tempo, e outros motivos mais que urgentes me inspiraram e tomaram a frente. Tentando me redimir vou escrever agora, sem adiar. Vou deixar palavras de carinho e admiração. Singelas, cheias de humor e significados. Pra ti, que lerá num futuro e espero que recorde de todas as nossas piadas internas e os dias mais engraçados que já presenciamos. E que possamos sempre repetir a dose, mesmo que tenhamos filhos, marido, e quem sabe um montão de responsabilidades; eu espero, porque sinceramente não desejo que nenhuma de nós duas fique pra titia. Chega de conversa fiada, enfim, vamos ao que interessa. Você é sempre tão boa, que nem sei como começar a falar tudo isso. Vai parecer uma hipocrisia sem tamanho, ainda mais vindo de mim, que não sou muito fã de melosidades de nenhum tipo, mas a verdade é que: tenho um certo medo de que algo que eu disser ou fizer, fira a sua sensibilidade cor-de-rosa, ou despedace os seus sonhos cultivados desde a infância. Porque você sempre me diz que há um outro lado que pode ser belo, uma outra visão que vale a pena observar, que tudo merece respeito de algum modo. E por mais que eu não siga seus conselhos quase sempre amáveis e doces, eu os escuto. Olho pra você, e penso comigo: como pode ser tão ingênua, meu Deus? Quem foi que colocou todas essas idéias coloridas e sem coesão dentro do seu pensamento, e deixou você acreditar que tudo é assim, com mil possibilidades, que a cura está sempre no sorriso que colocamos no rosto, ou em uma boa conversa franca? Será que não cansa de acreditar no amor, sempre tão fervorosa, quase fanática? Você gosta de dar uma segunda chance pras pessoas, pensando bem, não só a segunda, a terceira, a quarta, a quinta, e de assim em diante. Parece masoquista, cai sempre na mesma arapuca. Fico com pena, ao ver algumas lagrimas que caem dos seus olhos castanhos e rolam pelas maças do rosto. Elas mechem comigo, mesmo que eu não demonstre, fazem partir o coração por traz dessa minha mascara de durona. Nunca sei o que dizer pra te consolar, justamente pela sua fala eloqüente, que não cessa nunca. Pelas palavras confortantes que você diz habilmente. Qualquer coisa que eu lhe disser vai parece ensaiado, clichê, zoação. Eu quero falar pra você, que gosta de abraçar o mundo, correr com o tempo e resolver todos os problemas, ter calma. Até porque não há muita coisa que eu possa fazer, apenas te lançar um olhar cúmplice, daqueles do tipo “eu estou aqui”, e quem sabe te abraçar apertado, como você gosta. Mas eu sei que na verdade quem vai estar lá para os outros, e quase nunca pra si, é você. É difícil acreditar que é você a estressada que grita por tudo e perde a calma por pouco, mas ao mesmo tempo é a que nos faz rir nos momentos em que a gente quer morrer, e chora como criança quando machuca a unha do polegar direito, ou quem sabe o seu coração. Ver você confiante e cega em todo esse amor, dá vontade de amar também. Qualquer coisa que seja, um filme romântico, maquiagens novas, ou aquele cara idota que combinamos de chutar, e nuca adiantou – a carne é realmente muuuuuito fraca. Quando ficamos em silencio é porque existe algo errado, e mesmo assim ficamos juntas, ligadas, unidas de algum modo. Depois de minutos estamos comentando alguma frase boboca que foi dita por alguém com baixo índice de massa cinzenta. Analisando algumas conversas, voltando a fita pra checarmos se alguma de nós disse algo errado como:“bom namoro” (desista, nunca vou me esquecer disso, haha). Sabemos no fundo, que mesmo com qualquer desilusão, decepção ou perda, temos a nossa amizade, como uma bengala de apoio, que nos impede de cair ao chão. Mesmo sendo diferentes ao extremo, quero te dar alguns conselhos, que você, muito segura de suas crencides, não seguirá: não acredite em tudo, nem no que ouves, muito menos no que vês. Atitudes, por mais que doam, valem muito mais do que um punhado de palavras bonitas ditas em um momento de carência. Prefira o normal ao difícil. Sei que querer o impossível não te cansa, mas uma hora, é preciso cuidar de si mesma e descansar. Não se esconda em casa, saia mais. Se sinta linda, porque você é, é ma-ra-vi-lho-sa, em todas as suas particularidades! E por ultimo, mas não menos importante: não se esconda, descubra-se, se encontre. Seja nos seus pensamentos, seja nas atitudes ou no que julga ser certo, mesmo que não tenha muita certeza. O resto eu não preciso nem dizer, porque você sabe que vai poder contar comigo, e que vou estar sempre firme contigo, sem deixar nunca que o elo se perca, porque eu te amo, e não é pouco!
Com muito amor, para Thaís Baer.